29 de out. de 2014

Febril reestreia dia 1 de novembro no Parque das Ruínas em Santa Teresa



“Febril” é um espetáculo de narrativa fragmentada e intensa. Utilizando do mesmo dispositivo que Dostoiévski se serve em uma de suas novelas curtas, A Doce Criatura, a encenação também começa pelo fim, em busca dos motivos que levaram ao assassinato da personagem controversa. Fantasmas de uma memória atordoada e doentia, os personagens nesta adaptação são partes que ajudam a entender as razões do crime. Imersos em um ambiente decadente, em uma Rússia em processo de transformação, indo ao encontro dos valores ocidentais e perdendo sua tradição única, esses personagens estão perdidos pela crise gerada “com a Morte de Deus”, estão em nova configuração subjetiva de um mundo material e empírico, se afastando cada vez mais de qualquer relação metafísica. Neste cenário de personagens demasiados humanos, um homem cruza seus caminhos, um cristo renegado, um redentor realista e, em última instância, um idiota, o Príncipe Míchkin é a figura da salvação perdida, inútil para o caminho que a humanidade, na visão de Dostoiévski, caminha.

Com uma banda que toca ao vivo ditando o ritmo acelerado da montagem e uma instalação cênica que é formada por luzes em vermelho neon, a atmosfera febril se completa com a narrativa fragmentada e ágil. Atores e atrizes se entregam a experiência de compor personagens intensos e viscerais, que através de torções físicas proporcionam a visão de figuras que perdem o controle de suas atitudes e são devoradas pela força opositora de suas paixões exarcebadas, incontroláveis e avassaladoras a qualquer ideia racionalista. A trilha sonora visa passear pela música eslava e Russa, com influências dos cânticos ortodoxos, mas não deixando de lado o universo dos ritmos brasileiros, o rock, o jazz e outros estilos universais. “Buscamos sonoridades quentes e que visem acompanhar a atmosfera única da poética de Dostoiévski, utilizamos de inúmeros instrumentos e artifícios visando diversificar os arranjos mas mantendo uma referencia e um caminho que remeta as harmonizações da música sacraortodoxa da Russia”, comenta o diretor musical Pedrinhu Junqueira. Já a instalação cênica do artista plástico e iluminador Tomás Ribas (Prêmio Shell 2014 de Melhor Iluminação) é absolutamente pertinente ao espetáculo, pois ela vai diretamente ao encontro das direções que peça toma e deste modo potencializa o tom que a encenação produz. Ela fortalece a atmosfera de intensidade que a obra de Dostoiévski imprime.



Serviço

Sinopse: Nesta adaptação da obra O idiota de Dostoiévski, as circunstâncias do assassinato de Nastácia Filíppovna se transformam em peças de um quebra-cabeças que são apresentadas pelo olhar do Príncipe Míchkin. O espetáculo interage com uma instalação cênica e banda que toca ao vivo.
Direção e adaptação: Pedro Emanuel
Com a Cia em Obra e a Banda Irmãos Fiodorov
Elenco: Ana Luiza Cunha, Bruno Dubeux, Eduardo Parreira, João Lucas Romero, Julia Mendes, Marcos Derizans, Mario Terra, Paula Valente, Pedro Emanuel, Rubi Schumacher e Zeca Richa.
Local: Parque das Ruínas (Galeria). Rua Murtinho Nobre 169, Santa Teresa, RJ.
Informações: 21 2252-1039
Reestreia: 01 de novembro, sábado, às 19h
Temporada: 01 a 30 de novembro. Sábados e domingos, às 19h.
(Não haverá apresentação no dia 16 de novembro.)
Ingresso: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia)
Capacidade de Público: 50 pessoas
Não recomendado para menores de 14 anos
100 minutos
Drama

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