4 de out. de 2013

"Nem mesmo todo o oceano" reestreia no Teatro Gláucio Gill

Nem mesmo todo o oceano é antes de tudo, um romance de geração e de ideias. Em 794 páginas, Alcione Araújo levanta questões de ética e valores, contando a história fictícia de um médico recém-formado, desde a sua difícil infância de menino pobre no interior de Minas, os primeiros tempos de estudante vivendo em pensões no Rio de Janeiro, as decepções amorosas, as frustrações existenciais, a difícil sobrevivência em meio às feras do asfalto selvagem, enfatizando sobretudo o seu processo de perversão espiritual.



Com adaptação e direção de Inez Viana e interpretada pela Cia OmondÉ, estando o ator Leonardo Brício a frente do elenco, a peça que chega ao palco do Teatro Gláucio Gill, é um thriller contemporâneo dentro de um romance histórico. A trama conta a história do rapaz pobre, que se sacrificou de todas as maneiras, até conseguir se formar em médico no Rio de Janeiro, que teve memorável decepção amorosa, que se casou com uma jovem burguesa, que por ter sido tão alienado e ingênuo, sua apatia política o levou a ter um envolvimento fatal com o DOI-CODI e que, inacreditavelmente, se transformou num dos médicos legistas da ditadura, tendo um fim surpreendente e trágico.

Trailer de Nem mesmo todo o oceano com imagens em HD: http://vimeo.com/73329373

– “Em 2014, serão lembrados os 50 anos da ditadura”, disse-me Alcione Araújo, no nosso último encontro (em 2012), sobre a minha adaptação para o teatro de seu romance Nem mesmo todo o oceano, de 794 páginas. Não havia me dado conta. Mas a conta era fato. 1964...2014. Enquanto a Comissão da Verdade tenta apurar fatos, até então obscuros, dos anos de chumbo, tive a certeza: é chegado o momento de vir à tona essa história que me persegue e me fascina há 13 anos e que, desde o primeiro momento que a li, sabia que um dia teria que montá-la. Perguntas transcendentais se colocam em abundância – sobre o amor, a raiva, a liberdade, a repressão, a riqueza e a pobreza, o bem e o mal em suas manifestações que nos são tão familiares. Até mesmo a teoria comunista versus a realidade capitalista, tão fortemente debatido durante o período, goza de uma presença imponente. No fim, no entanto, essas teses são inevitavelmente enterradas na unidade familiar disfuncional, devastada pelo abuso e pela traição. Na nossa peça, assim como no romance, fatos reais se misturam à ficção, nos trazendo imediata identificação de uma das mais agravantes e dolorosas épocas do nosso país, a era da inocência perdida. Esperamos que essa história possa jogar luz no lado escuro da motivação humana –, comenta Inez Viana.

 
SOBRE INEZ VIANA
 
Natural do Rio de Janeiro, Inez Viana é formada pela CAL - Casa das Artes de Laranjeiras, desde 1987. Em 1999, dirigiu e roteirizou o documentário Cavalgada à Pedra do Reino, baseado no Romance d’A Pedra do Reino de Ariano Suassuna. Em 2008 recebeu o Prêmio Qualidade Brasil de Melhor Atriz por sua atuação na peça A Mulher Que Escreveu A Bíblia, pela qual também foi indicada aos prêmios SHELL e APTR. Em 2010 dirige As Conchambranças de Quaderna, texto inédito de Ariano Suassuna, onde obteve críticas elogiosas e recebendo indicações aos prêmios SHELL e APTR de Melhor Direção. Ainda em 2010, é convidada para dirigir o show João do Vale, Na Asa do Vento, no Teatro Nelson Rodrigues, com Chico César, Teresa Cristina e Flávio Bauraqui e Breque Moderno com Soraya Ravenle e Marcos Sacramento, realizado no Teatro Rival. Seguindo com a carreira de direção em teatro, em 2011 dirigiu os atores Alexandre Dantas e Claudia Ventura no espetáculo Amor Confesso onde foi indicada para o Prêmio Shell de Melhor Direção. Em 2012 com sua Cia OmondÉ dirigiu Os Mamutes de Jô Bilac e recebeu o Prêmio FITA de Melhor Direção.
 
SOBRE A CIA OMONDÉ
 
A Cia OmondÉ surgiu, no final do ano de 2009, da vontade da diretora e atriz Inez Viana em formar um grupo com atores vindo de várias partes do Brasil, para o aprofundamento de uma pesquisa cênica, onde a diversidade, brasilidade e o diálogo com a cena mundial contemporânea (tendo como grande mentor o diretor inglês Peter Brook), fossem concomitantemente estudados. Trata-se de uma busca aos signos do teatro, infinitos se pensarmos na precisão de um gesto ou na magia do aparecimento de um objeto em cena, levando o espectador a ser cúmplice e não passivo, co-autor e não somente voyer do espetáculo. Atualmente, a Cia OmondÉ é formada por dois mineiros, um potiguá, um paraibano, um paranaense e cinco cariocas.
 
FICHA TÉCNICA
 
Autor: Alcione Araújo | Adaptação e Direção: Inez Viana | Consultoria Dramatúrgica: Pedro Kosovski | Elenco: Cia OmondÉ – Leonardo Bricio, Iano Salomão, Jefferson Schroeder, Junior Dantas, Luis Antonio Fortes e Zé Wendell | Cenário e  Figurino: Flávio Souza | Direção Musical: Marcelo Alonso Neves | Iluminação: Renato Machado | Assessoria de Imprensa: Ney Motta | Programação Visual: Dulce Lobo | Assistentes de Direção: Carolina Pismel, Debora Lamm e Juliane Bodini | Produção Executiva: Jéssica Santiago | Direção de Produção: Claudia Marques | Um projeto da Cia OmondÉ
 
SERVIÇO – Nem mesmo todo o oceano
 
Autor: Alcione Araújo | Adaptação e Direção: Inez Viana | Com a Cia OmondÉ – Leonardo Bricio, Iano Salomão, Jefferson Schroeder, Junior Dantas, Luis Antonio Fortes e Zé Wendell | Local: Teatro Gláucio Gill - Praça Cardeal Arco Verde, Copacabana (tel. 2332-7904) | Temporada: De 28 de setembro até 21 de outubro, sextas, sábados e segundas 21h e domingos às 19:30h | Ingresso: sexta e segunda R$ 20 e sábados e domingos R$ 30,00 | Não recomendado para menores de 16 anos | Duração: 80 minutos

Agenda Cultural RJ - Gabriele Nery
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